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Desenvolvido pela OpenAI, o ChatGPT — instrumento on-line criado para simular diálogos virtuais por meio de linguagem generativa, conceitos de Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML) — completou um ano desde seu lançamento, em novembro de 2022. Sua chegada revolucionou a forma como as pessoas interagem com a tecnologia (a plataforma atraiu cerca de 100 milhões de usuários mensais em 60 dias!) — e definiu um ponto do qual não há retorno.

Como funciona

O ChatGPT é uma IA Generativa, disponibilizada nas modalidades gratuita e paga, que possui a capacidade de responder perguntas sobre os mais variados assuntos. A plataforma, que opera por meio de Processamento de Linguagem Natural (PLN), resolve problemas lógicos e oferece soluções adequadas aos inputs que recebe por meio de mensagens contextualizadas que simulam uma conversa.

Assim, com um modelo de linguagem baseado em IA, o sistema é “treinado” por meio de um gigantesco conjunto de dados textuais em diversas áreas — que incluem livros, artigos, websites e outros recursos disponíveis publicamente. Dessa forma, a ferramenta aprende, por meio de Machine Learning, a compreender e gerar linguagem humana ao analisar os padrões e estruturas desses textos.

A capacidade de geração de textos contextuais é outro aspecto que salta aos olhos. Caso o usuário pergunte sobre um tópico científico, a plataforma utiliza o conhecimento adquirido durante o treinamento para formular uma resposta relevante, mas que também esteja correta dentro do possível. Além disso, o estilo de resposta pode ser adaptado de acordo com o contexto e o tom da pergunta, evidenciando a versatilidade do sistema em termos de comunicação.

Limitações e desafios

Ocasionalmente, porém, o ChatGPT pode oferecer respostas pouco precisas, incoerentes ou incorretas. Assim, é altamente recomendável que os usuários utilizem outras fontes para verificar as informações fornecidas pela plataforma. Tais inconsistências ocorrem por fatores como os próprios limites atuais da Inteligência Artificial, interpretação de perguntas e complexidade do tema — além de variações e viés nas informações, entre outros.

A dependência de dados de treinamento, que podem conter informações desatualizadas ou parciais que serão reproduzidas nas respostas, é outro aspecto preocupante nesse sentido — assim como a possibilidade de viés algorítmico, que pode levar o ChatGPT a disseminar preconceitos e estereótipos. Há, ainda, a dificuldade de acesso a informações recentes — principalmente em campos que evoluem rapidamente, como medicina e a própria tecnologia.

Impacto no mercado de trabalho

Igualmente relevantes são os desafios inerentes ao impacto dessa tecnologia sobre o trabalho, uma vez que esses sistemas podem aumentar a eficiência e reduzir custos, entre outros benefícios — eliminando, assim, postos de trabalho, em especial os que envolvem tarefas repetitivas e manuais. Também é importante mencionar a possibilidade de que a crescente dependência dessas ferramentas reduza habilidades humanas em escrita e comunicação — além de criar uma dependência excessiva da IA para solucionar problemas.

Versões do ChatGPT

A plataforma está em sua quarta versão — o ChatGPT-4. A primeira, ChatGPT-1, foi desenvolvida em 2018 e, treinada em um grande volume de textos provenientes da internet, impressionou ao realizar tarefas como geração de conteúdo, além de completar frases e responder perguntas simples.

Já o ChatGPT-2 demonstrou melhor entendimento dos contextos propostos pelos usuários e passou a oferecer respostas mais precisas e em linguagem mais natural. Em 2020 foi lançado o ChatGPT-3 — que, entre outros avanços, possuía maior poder de processamento e realizava tarefas como tradução para outros idiomas, redação de códigos, compreensão de textos, linguagem ainda mais natural e respostas satisfatórias.

Em 2022 veio o ChatGPT-3.5, a primeira versão aberta ao público e, em 2023, o ChatGPT-4 — dez vezes mais rápido em relação a seu antecessor, e capaz de interpretar gráficos e imagens, para fornecer análises e insights sobre o conteúdo inserido. Todavia, as vantagens da versão mais recente da IA Generativa desenvolvida pela Open AI vão ainda mais longe — como veremos adiante.

Os superpoderes da versão atual

Segundo o portal Search Engine Journal, o ChatGPT-3.5 possui a capacidade de gerar textos semelhantes aos produzidos por humanos. Já o GPT-4 compreende (e gera) diversos dialetos (variações regionais ou culturais de uma língua) — bem como emoções expressas pelo usuário, tornando a interação mais pessoal. A quarta versão da plataforma também responde perguntas complexas de modo mais detalhado, citando estudos e fontes.

Mais: o ChatGPT-4 ampliou a compreensão e processamento de conceitos matemáticos e científicos, a ponto de solucionar equações com elevado grau de complexidade — assim como diversas operações de cálculo, álgebra e geometria. Também pode atuar em áreas como física, química, biologia e astronomia, já que sua avançada capacidade de processamento, associada à modelagem linguística, permite que o sistema ofereça insights e explicações por meio da análise de conteúdos científicos mais profundos.

Aplicações em âmbito corporativo

Diante desse cenário, torna-se evidente que a utilização do ChatGPT traz possibilidades infinitas em inúmeros setores. Alguns exemplos:

Análise de dados

A plataforma pode ser utilizada para organizar informações rapidamente em processos de análise de grandes volumes de dados.

Atendimento ao cliente

O ChatGPT pode lidar com perguntas comuns e sanar dúvidas de consumidores, além de oferecer informações sobre produtos. É possível, ainda, configurá-lo para oferecer suporte técnico das mercadorias e auxiliar o cliente a solucionar problemas.

Geração de leads

Seja pela interação com visitantes no site do negócio ou pelo acompanhamento de tendências, a plataforma proporciona grandes benefícios em termos de marketing digital ao auxiliar na coleta de dados e no cruzamento de informações — possibilitando, assim, um atendimento personalizado, ou seja, alinhado às preferências de cada usuário.

Criação de códigos simples

O ChatGPT pode desenvolver códigos para problemas específicos. Porém, mesmo diante da possibilidade de eventuais erros ou respostas pouco assertivas, em última análise a plataforma oferece um ponto de partida para o desenvolvimento de uma nova solução ou insights para solucionar a questão.

Recursos Humanos

O setor de RH pode se beneficiar por meio do suporte ao atendimento de colaboradores em uma empresa — assim como no treinamento e desenvolvimento de equipes, nos feedbacks de líderes a seus subordinados e em recrutamento e seleção.

Varejo

Quando integrado aos sistemas de gestão de estoque e atendimento, entre outros, o ChatGPT pode agilizar tarefas rotineiras, automatizar tarefas repetitivas como agendamentos e pedidos por meio de chatbots, responder perguntas dos clientes e até mesmo prever demandas por produtos.

O avanço da IA Generativa

Aqui é importante ressaltar que, embora a IA já exista há tempos, há alguns fatores essenciais a colocaram em evidência recentemente: a acessibilidade por meio de interfaces amigáveis, o aumento do poder de processamento (capacidade de combinar informações para entregar conteúdos mais ricos), o acesso a grandes volumes de dados e os avanços em ML — que permitem a realização de tarefas cada vez mais complexas e sofisticadas.

Segundo o relatório Future of Jobs 2023, do Fórum Econômico Mundial, 75% das empresas vêm incorporando a Inteligência Artificial — ou pretendem fazer isso em breve. A conclusão, portanto, é óbvia a esta altura: o avanço dessa tecnologia é inevitável. Deve-se observar, ainda, que tal cenário abre portas para uma miríade de expectativas — que, aliás, vêm se tornando realidade a cada dia.

É importante salientar que a disponibilização de IA Generativa no mercado por meio do ChatGPT impulsionou concorrentes no próprio nicho de chatbots, como Google Bard e Anthropic Claude. Também surgiram ferramentas como Midjourney, que se tornou referência em geração de imagens, DALL-E — da própria Open AI, que gera de diferentes imagens, únicas e personalizadas, a partir de um tipo escolhido pelo usuário, e Firefly, da Adobe — que otimiza diversas ações na criação de imagens —, entre outras.

Controvérsia

O ChatGPT enfrenta, atualmente, algumas questões éticas. Por exemplo: recentemente, o jornal norte-americano The New York Times processou a Open AI e a Microsoft, importante investidora da empresa, exigindo uma indenização de bilhões de dólares. O motivo? Violação de direitos autorais por utilização seus artigos para alimentar modelos de IA. Além do valor astronômico, o jornal também exige que as empresas deixem de utilizar seu conteúdo — e apague os dados já produzidos.

Tal situação indica que, um ano após seu lançamento para o público, o ChatGPT ainda precisa lidar com desafios quanto à privacidade de dados, viés algorítmico, direitos autorais, consentimento, transparência, responsabilidade pela geração de conteúdo e ROI (Return of Investment), entre outros. Deve-se observar também que a maneira como tais desafios serão superados é tão importante quanto acompanhar o avanço das inovações técnicas — e definirá o futuro da interação humana com a Inteligência Artificial.

Expectativas

Espera-se que essa tecnologia continue a evoluir em um processo de melhoria contínua e se torne ainda mais integrada (e essencial) em diversas áreas. Mais intuitiva, responsiva e personalizada, a ponto de aprofundar a compreensão contextual para oferecer interações mais naturais. Outra tendência é integrá-la a outras tecnologias emergentes — como RA (Realidade Aumentada) e IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas), por exemplo — a fim de expandir possibilidades e, desse modo, alcançar novos horizontes para a Inteligência Artificial.