Inteligência Artificial: uma revolução (quase) silenciosa
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setembro 20, 2019Na última semana, o Gartner divulgou o relatório Hype Cycle prevendo algumas das transformações que a Blockchain acarretará nos próximos 10 anos. Ainda há barreiras, apontadas pela própria consultoria, para que a adoção pelas grandes corporações avance de forma mais consistente e acelerada – tais como a infraestrutura digital e a falta de governança.
Ainda assim, o Gartner relata que 60% dos CIOs afirmam que a Blockchain estará presente de alguma forma nas organizações em até 3 anos. Esse dado contrasta radicalmente com o cenário da mesma pesquisa realizada em 2018, cujo resultado indicou que apenas 22% dos CIOs compartilhavam dessa mesma visão naquela ocasião.
Um bom indicativo da evolução é o cenário de mão de obra. Em fevereiro deste ano, a Exame relatou que a busca por profissionais com conhecimento na tecnologia teria aumentado 50% no ano passado (2018) em comparação a 2017. E a explicação talvez seja bem simples: a Blockchain pode ser aplicada em qualquer setor da economia que demande descentralização de informação, transparência, autenticidade e integridade da informação.
Mas o fato é que a tecnologia não decolou. E o Gartner dá algumas pistas do porquê. Bom, primeiramente, a consultoria sempre tem se mostrado conservadora em suas projeções – e vem apontando corretamente que esse “ramp up” acontecerá em um período de 5 a 10 anos.
Por que a Blockchain não decolou ainda?
Em primeiro lugar, na visão da consultoria, a maioria das ferramentas e soluções ainda são emergentes. Associadas a esse fato estão as expectativas equivocadas de muitos CIOs, que teriam superestimado as capacidades, efeitos ou benefícios da tecnologia no curto prazo. De qualquer forma, para o Gartner, até 2025, o mercado de Blockchain deve atingir cerca de US$ 176 bilhões – e aumentará significativamente até ultrapassar US$ 3,1 trilhões em 2030.
Aplicações de Blockchain que estão acelerando a adoção dessa tecnologia
À medida em que a produção de dados se multiplica, cresce também a necessidade de confrontá-los, validá-los e certificar sua autenticidade. Por isso, as aplicações de Blockchain parecem não ter mais limite. Algumas das que já estão disponíveis são:
- Rastreabilidade de orgânicos: na África do Sul, uma startup associou IoT com Blockchain para criar uma certificação para a produção de alimentos orgânicos. A ideia é que, a partir de um app, o consumidor consiga rastrear o que está comprando. Orgânico mesmo? Plantado onde? Cultivado como?
- Obras de arte: uma startup norte-americana está usando a Blockchain para verificar a autenticidade das obras de arte. Com um banco de dados assim, ficará muito difícil colocar falsificações no mercado.
- Proteção à propriedade intelectual: agora ficará mais fácil manter um cadastro global, descentralizado e fidedigno de imagens, textos e códigos.
- Antifraude de documentos com a Blockchain, para garantir a anterioridade de registros e documentos, assegurando que não sejam alterados ou adulterados.
- Segurança de APIs, garantindo uma relação de confiança bidirecional.
- Rastreamento de transações no mercado de petróleo.
- Rastreabilidade e garantia de procedência e qualidade de matérias primas e produtos. Por exemplo: fármacos. A ideia é aniquilar o mercado de medicamentos falsos, que a Interpol estima em 30% nos países emergentes.
- Garantia da procedência de diamantes.
- Auditoria eleitoral: Serra Leoa, em 2018, tornou-se o primeiro país do mundo a usar Blockchain para garantir a lisura do processo.
- Gerenciamento de identificação digital, eliminando perfis e documentos falsificados.
- Redução de fraudes e desperdícios no comércio exterior. A IBM calcula que uma mercadoria refrigerada pode passar por até 30 pessoas, somando 200 interações de comunicação e inspeções.
De fato, ainda há um caminho a percorrer. E não será muito rápido ou simples. Porém, a Blockchain está se firmando como a tecnologia que vai mudar inúmeros mercados e negócios ao eliminar fraudes, aumentar a segurança e garantir procedência.