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O Cetic.Br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) juntamente com o NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR) detectam avanços na maturidade digital das empresas brasileiras em mais um levantamento anual.

Entre as contatações está o aumento do emprego de inteligência artificial (AI) e da internet das coisas (IoT) pelas empresas no Brasil.

O estudo, desenvolvido ao longo de 2021 e divulgado este mês, mostra que 13% das empresas adotaram algum tipo de tecnologia de AI. Para empresas de grande porte, a adoção foi mais significativa, alcançando o patamar de 39%. A tecnologia está sendo utilizada majoritariamente para a automatização de processos, segundo 73% das respostas, e no processamento e/ou reconhecimento de imagens, de acordo com outros 32% de respondentes.

A internet das coisas (IoT) foi outra abordagem que já atinge 14% das empresas brasileiras. De acordo com as empresas, a segurança física (alarme, detectores de incêndio e câmeras de segurança) é o principal motivador, respondendo por 85% do uso de IoT nas empresas. Na sequência, o principal uso é o gerenciamento de consumo de energia, citado por 44% dos entrevistados.

Comércio digital crescente e PIX assumindo a ponta

Um dos aspectos mais significativos do levantamento é a comercialização digital de produtos e serviços, que saltou, entre 2019 e 2021, de 57% para 73%. Nas empresas com até 49 funcionários, o e-commerce cresceu de de 57% para 74%, enquanto nas médias e grandes o aumento foi de 58% para 67% e de 52% para 68%, respectivamente.

O estudo mostra ainda a consolidação do pagamento instantâneo no comércio digital. Nas vendas pela internet, o PIX representou 82% das transações do período.

Até 2024, R$ 845 bi na transformação digital

Segundo a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), as tecnologias relacionadas à transformação digital, mobilidade e conectividade vão aportar R$ 845 bilhões em investimentos no país entre 2021 e 2024.

Em 2021, o setor de tecnologia como um todo teve um crescimento nominal de 18,3%, influenciado pela desvalorização cambial, chegando a R$ 597,8 bilhões de produção ou 6,9% do PIB. Software, serviços de nuvem, BPO e outros itens que representam o segmento de TIC chegaram a R$ 293 bilhões ou 3,4% do PIB.

O setor de hardware se recuperou da pandemia com uma alta de 48,6%. Software e Nuvem cresceram respectivamente 42,5% e 36,7%, enquanto o segmento de serviços registrou alta de 16,5%. 

No tocante aos investimentos projetados pela Brasscom, os vetores de crescimento seriam Nuvem, Big Data, IoT, Robótica, Cybersecurity, AI, Redes Sociais Blockchain, Realidade Virtual e Impressão 3D.

A jornada da maturidade digital

Na prática, podemos dizer que a maturidade digital indica ao menos três características fundamentais da empresa para manter-se competitiva no nosso tempo:

1) o nível de automação de fluxos e processos de forma a manter-se ágil e eliminar custos indesejados;

2) habilidade de criar jornadas e diálogos com seu consumidor no ambiente digital, e 3) capacidade de criar resiliência para o negócio em face das transformações do ambiente de negócio. Ou seja, a capacidade de criar novos produtos e serviços por meio de canais digitais e de moldar seu modelo de negócio para que fique “à prova de futuro”.

Blablablá? Não mesmo. Um outro estudo, o The Fast Track to Digital Marketing Maturity, realizado pela BCG e pelo Google, apontou que empresas com maior maturidade digital podem ter 18% de aumento na receita, 29% na redução de custos e até o dobro de aumento na participação de mercado.

E como avançar na maturidade digital?

É necessário mais do que ter canais digitais e muito mais do que investir em tecnologias emergentes. Um estudo da Deloitte sobre a maturidade digital das empresas globais identificou sete vetores para essa jornada:

1. Infraestrutura flexível e segura

Repensar a infraestrutura com foco em segurança, privacidade, flexibilidade e escalabilidade

2. Domínio de dado

Os dados, e sua análise, devem estar atrelados a produtos, serviços e operações para aumentar a eficiência, receita, conversão e engajamento do cliente.

3. Dextreza digital dos talentos

Na atração e no treinamento focar em competências digitais.

4. Engajamento do ecossistema

Criar e trabalhar com um rede de parceiros de pesquisa e desenvolvimento, incubadoras de tecnologia e startups para obter acesso mais rápida a inovações.

5. Fluxos de trabalho inteligentes

Significa digitalizar, automatizar e repensar processos continuamente de forma a não consumir recursos humanos em atividades menos nobres ou de menor valor para a estratégia e a competitividade

6. Experiência unificada do cliente

Integrar canais, processos e ações de forma que toda a empresa tenha uma só visão do cliente.

7. Adaptabilidade do modelo de negócios

Adaptar produtos, serviços ao ambiente de negócios e ao mindset do consumidor para fidelizar, reduzir churn e criar condições para aumentar a receita e a lucratividade.

Transformação digital, há muito, deixou de ser assunto das rodinhas que falam “tecnês”. Competitividade, perpetuidade agora são sinônimos de maturidade digital. E, por isso, sempre vem mais digital por aí.